Nos últimos anos, o termo BIM deixou de ser sinônimo apenas de software. Ele passou a representar uma mudança cultural e processual na forma como projetos são concebidos, desenvolvidos e gerenciados.
Dentro dessa evolução, o conceito de OpenBIM se tornou protagonista ao propor algo revolucionário: a interoperabilidade entre plataformas, baseada em formatos abertos, capazes de conectar diferentes softwares e sistemas sem barreiras artificiais.
Isso significa que empresas deixam de ficar presas a uma única suíte de ferramentas, podendo integrar soluções distintas e criar fluxos de trabalho mais transparentes e colaborativos.
Em um setor historicamente marcado por retrabalhos, silos de informação e altos custos com licenciamento, essa abordagem abre uma janela real de transformação.
Mas o OpenBIM não é apenas sobre tecnologia. Ele é, acima de tudo, sobre liderança, cultura organizacional e mudança de mentalidade.
Vamos conhecer os desafios e as oportunidades desse movimento, mostrando como formatos abertos — como IFC, BCF e IDS — estão redesenhando o futuro da construção civil, especialmente no Brasil.
O que é OpenBIM e por que ele é importante?
O conceito de OpenBIM é apoiado por entidades globais como a BuildingSMART International, responsável pelo desenvolvimento de padrões abertos para a indústria da construção.
Seu objetivo é claro: criar um ambiente em que modelos, documentos e informações circulem de maneira fluida, sem depender de formatos proprietários de um único fabricante.
Entre os principais padrões que sustentam essa abordagem, três merecem destaque:
IFC (Industry Foundation Classes)
O IFC é o formato aberto mais conhecido no universo BIM. Ele funciona como um “idioma neutro” que permite que diferentes softwares leiam, interpretem e exportem informações de modelos BIM. Uma parede modelada no Revit, por exemplo, pode ser lida em Archicad ou Tekla, mantendo atributos como dimensões, materiais e camadas.
Isso é vital para coordenação interdisciplinar, já que arquitetos, engenheiros estruturais, projetistas de instalações e gestores de obra podem colaborar sem estarem todos presos à mesma plataforma.
BCF (BIM Collaboration Format)
O BCF é um padrão que atua no nível da comunicação. Em vez de depender de capturas de tela ou longas planilhas paralelas, equipes podem registrar, compartilhar e acompanhar issues diretamente associadas ao modelo.
Isso significa que uma incompatibilidade encontrada na compatibilização pode ser documentada e encaminhada a um projetista com coordenadas específicas dentro do modelo. Assim, a rastreabilidade de revisões se torna mais clara e menos suscetível a erros.
IDS (Information Delivery Specification)
O IDS é um padrão emergente que define como as informações devem ser entregues em diferentes fases do projeto. Ele permite validar automaticamente se determinado modelo contém os parâmetros exigidos em um BEP (Plano de Execução BIM) ou se atende a requisitos contratuais específicos.
Na prática, o IDS reduz o risco de receber modelos incompletos ou desalinhados com o que foi solicitado.
O impacto desses padrões
Quando usados em conjunto, esses formatos fortalecem um ecossistema democrático, em que empresas podem escolher os softwares que melhor se adaptam às suas realidades sem abrir mão da integração.
Essa liberdade é um avanço significativo em um mercado historicamente dominado por ecossistemas fechados e caros.
O OpenBIM no Brasil: uma transformação em curso
No Brasil, o movimento em torno do OpenBIM tem crescido rapidamente, impulsionado por iniciativas como o BIM Fórum Brasil em parceria com a BuildingSMART.
Universidades, órgãos públicos e grandes construtoras já começam a adotar padrões abertos como requisito em licitações e projetos.
Essa expansão abre uma série de oportunidades:
Maior maturidade nos processos
Empresas que adotam OpenBIM ganham mais clareza e transparência em seus fluxos de trabalho.
Redução de retrabalho
A interoperabilidade diminui falhas na comunicação entre disciplinas.
Acesso mais democrático à tecnologia
Formatos abertos permitem que empresas menores participem de grandes projetos sem altos custos de licenciamento.
Contudo, esse avanço também traz um desafio: formar lideranças técnicas e culturais capazes de conduzir essa mudança.
Liderança: o fator decisivo na adoção do OpenBIM
A tecnologia, por si só, não resolve nada. Exportar um arquivo IFC ou instalar um plugin não significa adotar OpenBIM de verdade.
Para que essa transformação seja bem-sucedida, é necessário que o Coordenador de Projetos assuma um papel estratégico de liderança.
Esse líder não apenas entende de softwares, mas também:
- Questiona processos ultrapassados e propõe fluxos mais colaborativos.
- Constrói pontes entre projetistas, equipes de obra e gestores de alto nível.
- Defende a transparência das informações, mesmo quando isso exige mais esforço inicial.
- Estabelece padrões internos alinhados ao movimento global de OpenBIM.
Na prática, o coordenador atua como um agente cultural, garantindo que o conceito não fique apenas no discurso.
Ele transforma interoperabilidade em valor real para a empresa.
Desafios reais: eficiência x liberdade
É preciso reconhecer que o caminho para o OpenBIM não é livre de obstáculos.
Ecossistemas fechados ainda oferecem vantagens inegáveis em termos de desempenho e integração nativa.
Softwares proprietários tendem a ser mais “amarrados”, mas também mais eficientes em fluxos específicos.
Por outro lado, essa eficiência tem um preço:
- Alto custo de licenciamento.
- Dependência tecnológica de um único fornecedor.
- Pouca flexibilidade na integração com ferramentas externas.
Já o OpenBIM traz benefícios de longo prazo, como liberdade de escolha e redução de barreiras, mas exige:
- Esforço inicial maior em padronização.
- Capacitação das equipes para lidar com novos formatos.
- Ajustes em fluxos de trabalho que podem gerar resistência no início.
Esse dilema entre eficiência imediata e liberdade futura é um dos grandes desafios enfrentados por gestores na hora de definir suas estratégias digitais.
Oportunidades à frente: equilíbrio entre o aberto e o fechado
O futuro aponta para um modelo híbrido, em que soluções abertas e proprietárias coexistem.
Empresas inteligentes saberão quando usar cada uma delas:
- Soluções proprietárias serão aplicadas quando o desempenho e a integração nativa justificarem.
- Padrões abertos serão escolhidos quando a prioridade for interoperabilidade, transparência e liberdade.
Essa dualidade não deve ser encarada como conflito, mas como oportunidade de desenhar ecossistemas mais flexíveis e adaptados à realidade de cada projeto.
OpenBIM e ROI: o valor além do discurso
Um dos pontos mais importantes — e pouco discutidos — é o retorno sobre investimento (ROI).
Muitas empresas enxergam o OpenBIM como algo “idealista” ou “acadêmico”. No entanto, na prática, ele gera ganhos concretos:
- Menos retrabalho reduz custos diretos.
- Transparência documental evita litígios contratuais.
- Interoperabilidade acelera entregas e melhora a qualidade final.
Quando bem aplicado, o OpenBIM deixa de ser apenas uma bandeira técnica e passa a ser um diferencial competitivo real.
Coordly: transformando o OpenBIM no dia a dia
Ao longo desse artigo, vimos que o OpenBIM vai muito além de formatos técnicos como IFC, BCF ou IDS. Ele exige uma mudança cultural profunda, pautada pela colaboração, pela transparência e pelo alinhamento entre equipes.
Porém, para que tudo isso deixe de ser apenas teoria e realmente funcione no dia a dia, é preciso contar com ferramentas que deem suporte a esse novo jeito de trabalhar.
É nesse ponto que a Coordly faz diferença.
Mais do que um software, a mesma representa a tradução prática do que o OpenBIM promete.
Ela permite que a filosofia da interoperabilidade seja aplicada de forma organizada, sem abrir mão de eficiência e sem criar barreiras adicionais para quem está no fluxo.
Em um mercado que ainda oscila entre ecossistemas fechados e soluções abertas, a plataforma atua como um elo de equilíbrio: garante liberdade de escolha, mas também assegura controle e governança sobre a informação.
No fim, o sucesso do OpenBIM depende de liderança, mas também de ferramentas que ajudem a sustentar essa liderança no dia a dia.
A Coordly é justamente essa ponte entre conceito e prática.
Ela conecta pessoas, dados e processos em um ambiente colaborativo e transparente, permitindo que coordenadores deixem de ser apenas gestores de entregas e passem a atuar como líderes culturais dentro das organizações.