Se existe uma disciplina que carrega boa parte do peso — literalmente — de um empreendimento, é a de estruturas.
E apesar disso, o trabalho estrutural costuma aparecer para muitos apenas quando há um pilar “estranho”, um vão que não fecha, ou uma viga que insiste em cruzar o caminho do Instalações (MEP).
O que pouca gente assume de verdade é que a coordenação de projetos depende profundamente do projetista de estruturas.
Sem sua precisão, seu rigor e sua capacidade de fazer as perguntas certas, nenhum processo BIM avança com a maturidade que deveria.
Por isso, esta carta não pretende ser um manual engessado, tampouco um sermão técnico.
Ela é, na essência, um convite para aprimorar a colaboração e tornar o fluxo de trabalho mais leve.
Afinal, quando projetistas e coordenação caminham juntos, o projeto ganha fluidez e a obra agradece — em prazo, custo e segurança.
A importância de começar alinhando expectativas
Antes de qualquer cálculo, qualquer lançamento de pilar ou qualquer tentativa de fechar um modelo, existe um momento que parece simples, mas que decide metade do sucesso do projeto: o alinhamento inicial.
Ele determina o que será entregue, quando será entregue e de que forma será entregue.
Nesse início, estabelecer claramente qual é o LOD esperado, qual é a arquitetura consolidada, quais são os pontos ainda em aberto e como será o ritmo de entregas intermediárias evita um volume enorme de retrabalho.
E é aqui que muitos problemas futuros nascem — não por má intenção, mas por pressa.
Às vezes, o projetista corre para garantir a produtividade, enquanto a coordenação ainda está ajustando diretrizes, consolidando referências ou alinhando disciplinas.
Quando esse alinhamento é bem feito, o modelo flui. Quando não é, decisões técnicas começam a ser tomadas com base em versões incompletas, e o custo de corrigir depois aumenta — tanto no tempo gasto quanto na energia da equipe.
E isso vale especialmente para estruturas, já que o modelo estrutural costuma se tornar referência para diversas outras disciplinas.
Respeitar referências é essencial — mas questionar faz parte do trabalho
Existe uma crença equivocada de que o projetista de estruturas “apenas segue” o que veio da arquitetura. Isso é perigoso.
A arquitetura evolui ao longo do processo, as Instalações (MEP) podem propor uma alteração por necessidade técnica, e a fundação pode exigir ajustes nos eixos.
Portanto, seguir cegamente a referência é tão arriscado quanto ignorá-la.
O equilíbrio está em assumir uma postura ativa: sempre validar as informações recebidas, confirmar interferências e registrar dúvidas no CDE antes de avançar. Essa atitude não é sinal de insegurança; é sinal de profissionalismo.
Projetos coordenados são aqueles em que as perguntas aparecem cedo, antes que uma decisão equivocada — ainda que pequena — se transforme em uma mudança estrutural mais custosa.
De maneira geral, o projetista de estruturas que participa ativamente das discussões e antecipa erros se torna peça-chave da coordenação — reduzindo conflitos, melhorando a qualidade das soluções e garantindo previsibilidade.
Pensar em BIM como comunicação, e não como modelagem
Uma das maiores viradas de chave no trabalho estrutural em ambiente BIM é compreender que modelar é apenas um meio, e não o fim.
O que realmente importa é a forma como as informações são transmitidas — e como o modelo “fala” com quem vai utilizá-lo.
Isso significa que a clareza da nomenclatura, a organização das famílias, o preenchimento de parâmetros e o rigor com unidades e classificações são tão importantes quanto o dimensionamento.
Embora pareça burocracia à primeira vista, esses cuidados são justamente o que permite que outras disciplinas, ferramentas de coordenação e até o canteiro interpretem o modelo sem ambiguidades.
Quando o modelo estrutural é limpo, padronizado e consistente, todo o resto flui: a compatibilização é mais rápida, os relatórios de interferência são mais assertivos, e os ajustes são discutidos com base em informações confiáveis.
Por isso, manter o modelo organizado não é “capricho”; é parte do trabalho.
O CDE como extensão natural do processo — e não um repositório
Ao contrário do que muitos acreditam, o CDE não é uma nuvem para armazenar arquivos.
Ele é um ambiente vivo do projeto, um espaço onde decisões ganham contexto, revisões se tornam rastreáveis e a comunicação entre disciplinas se materializa.
Quando o projetista de estruturas utiliza o CDE com essa visão — subindo modelos nomeados corretamente, lendo comentários antes de corrigir qualquer coisa, consultando históricos, respondendo issues de forma objetiva — o ciclo de coordenação muda de patamar.
Ruídos diminuem, e-mails longos deixam de existir, e cada disciplina passa a ter visibilidade do que está sendo discutido.
Ao adotar essa postura, o projetista se beneficia diretamente: menos retrabalho, menos idas e vindas, menos surpresas no meio da etapa.
E, além disso, o histórico do modelo passa a contar sua história de forma clara — algo essencial para auditorias internas, revisões técnicas e até responsabilização profissional.
O perigo da “síndrome do fechamento de etapa”
Em muitos escritórios, o conceito de “fechar a entrega” se limita a exportar um modelo com a última atualização.
Mas, em BIM, uma entrega não termina ao clicar em “salvar” ou “exportar”.
Ela precisa refletir uma intenção construtiva, uma decisão técnica responsável e um estágio coerente da modelagem.
É por isso que, antes de qualquer envio, existe a necessidade de revisão interna: checar interferências que ainda não foram tratadas, verificar elementos não classificados e confirmar que parâmetros essenciais estão preenchidos.
Esse passo final, embora pareça simples, é o que separa um modelo confiável de um modelo que vai gerar discussões desnecessárias e atrasos no fluxo.
A “síndrome do fechamento de etapa” ocorre quando o projetista está tão focado em “entregar” que deixa de lado essa conferência final.
E, inevitavelmente, a sobrecarga recai sobre a coordenação, sobre outras disciplinas e sobre a obra — que vai lidar com incoerências que poderiam ter sido resolvidas com alguns minutos adicionais de atenção.
Coordenação é um jogo coletivo — e estruturas são o centro do tabuleiro
Nenhum modelo estrutural está isolado, e nenhuma disciplina deveria trabalhar como se estivesse.
Projetos BIM ganham solidez quando cada parte entende que coexistir não é apenas compartilhar arquivos, mas ajustar soluções em conjunto, debater alternativas e construir coerência técnica com responsabilidade.
A estrutura, nesse cenário, é frequentemente a disciplina que mais exige diálogo.
Ela define níveis, determina apoios, orienta o fluxo de cargas, condiciona shafts e influencia decisões de arquitetura, MEP e fundações.
Por isso, quando o projetista assume uma postura colaborativa, revisando comentários, abrindo discussões e mantendo um olhar crítico sobre o todo, a coordenação se fortalece.
E o contrário também é verdadeiro: quando a estrutura avança de forma unilateral, sem diálogo, o impacto se espalha para todas as disciplinas — e, pior, atinge o canteiro.
Nenhum engenheiro quer descobrir, na obra, que uma viga foi lançada com base em uma arquitetura desatualizada ou que um pilar intercepta atrapalha uma vaga de garagem ou uma tubulação essencial.
Comunicação é, portanto, mais do que uma troca técnica; é o que evita prejuízos.
Por que essas boas práticas importam tanto para o processo BIM
Mais do que evitar erros, essas boas práticas criam um ambiente onde a equipe trabalha com confiança.
A coordenação deixa de ser uma central de incêndios e passa a ser um espaço de decisão. A obra deixa de ser um campo de improviso e passa a ser previsível.
E o projetista de estruturas deixa de ser “o resolvedor de problemas” e assume seu papel como protagonista da qualidade do empreendimento.
Além disso, quando o modelo estrutural é confiável, o comportamento do conjunto se torna mais claro.
As análises avançam com mais segurança, os quantitativos ganham precisão e as decisões construtivas são tomadas com base em informações reais — e não suposições.
Essa previsibilidade é o que garante que a obra saia do papel com menos surpresas, menos retrabalho e mais eficiência.
Em um mercado onde prazos são curtos e custos apertados, esse diferencial faz toda a diferença.
Como a Coordly apoia esse processo sem complicar o trabalho
Todo esse fluxo — desde o alinhamento inicial até a revisão final — depende de um ambiente em que projetistas e coordenação consigam trabalhar sem ruído.
A Coordly foi criada justamente para isso: tornar o processo mais claro, mais rastreável e mais leve.
Para o projetista de estruturas, isso significa ter:
• versões sempre organizadas, sem duplicações nem retrabalhos escondidos;
• Atividades claras, registradas e associadas ao trecho exato do modelo que precisa de ajuste;
• Histórico completo, evitando confusões ou dúvidas sobre quem pediu o quê;
• Integração direta com Google Drive, OneDrive e Dropbox, o que facilita o acesso a modelos e elimina o medo de “perder arquivo”.
E o mais importante: a Coordly evita o excesso de funcionalidade que atrapalha. Não transforma o ambiente de trabalho em um labirinto de menus.
Não exige que o projetista aprenda algo que não faz parte do seu dia a dia.
Ela simplesmente organiza a informação para que o fluxo avance.
Bons projetos nascem de boas relações — e boas relações nascem de boas práticas
Ser projetista de estruturas em ambiente BIM é assumir um papel estratégico.
É ter consciência de que cada decisão impacta não apenas uma disciplina, mas todo o ciclo de vida do empreendimento.
É entender que a coordenação não é um obstáculo, nem um fiscal — mas uma parceira de jornada. A DIM Inteligência em Projetos entende isso e se você também, ela pode te ajudar na coordenação do seu projeto.
Se cada projetista assumir esse compromisso com clareza, precisão e comunicação, a obra agradece.
A equipe agradece. E o cliente, certamente, agradece.
Porque, no fim, bons projetos são feitos por boas equipes — e boas equipes se constroem com práticas maduras, diálogo e respeito técnico. Veja o diálogo com essa pegada no Podcast DIM entre Projetos no canal do Youtube e agora no Spotify.
Se você busca um ambiente onde essas práticas se tornam naturais, onde as decisões ganham rastreabilidade e onde o modelo realmente flui, a Coordly está aqui para isso: ajudar você a entregar projetos que fazem a obra andar.