Na construção civil, existe uma máxima que raramente é dita, mas que todo profissional sente na pele: ou você trata o projeto como um processo estratégico, ou vai lidar com uma obra parada — aquela que consome caixa, energia e paciência, sem entregar o retorno esperado.

Entre esses dois extremos, há uma pergunta que separa os empreendimentos bem-sucedidos dos que naufragam: você quer um projeto bom ou uma obra parada?

Pode parecer uma provocação, mas não é exagero. Essa dicotomia acontece todos os dias, em empresas de todos os portes. 

No fundo, o que está em jogo aqui é o ROI da obra — um indicador que vai muito além do custo por metro quadrado ou da valorização do imóvel. 

O ROI, na construção, está diretamente ligado à qualidade da coordenação dos projetos e à forma como a equipe estrutura, compartilha e atualiza as informações ao longo do ciclo de vida da edificação.

O que é ROI em obras — e por que ele importa tanto?

ROI significa Return on Investment, ou Retorno sobre o Investimento. 

Na construção civil, esse conceito é mais prático do que parece: ele mede quanto um empreendimento retorna em relação ao valor aplicado, considerando o custo final da obra, o tempo de execução e o lucro obtido com a venda ou operação do ativo.

Quando a obra atrasa, o ROI cai.

Quando o orçamento estoura, o ROI despenca.

E quando há retrabalho por erro de projeto, o ROI simplesmente evapora.

De acordo com Luiz Gustavo de Castro Santos, autor do livro Lean Construction para Resultados (Falconi Editora, 2022), mais de 30% dos recursos de uma obra podem ser desperdiçados por falhas de planejamento, falta de integração entre disciplinas e retrabalhos que poderiam ter sido evitados.

Em outras palavras, não existe ROI saudável sem projeto bem coordenado.

A ilusão do “projeto como arte”

Em muitas construtoras, o projeto ainda é tratado como uma peça autoral. 

Cada disciplina trabalha isoladamente, os prazos são elásticos, os arquivos circulam sem padrão e as decisões são tomadas com base no improviso.

Esse cenário pode até parecer um espaço criativo — arquitetos projetando livremente, engenheiros resolvendo “na obra” — mas o resultado costuma ser o oposto do desejado: erros de compatibilização, indefinições técnicas e revisões em plena execução.

E, convenhamos: corrigir um problema no canteiro custa, em média, de 5 a 10 vezes mais do que resolvê-lo na fase de projeto.

Santos destaca que até 70% do custo total de uma obra é definido antes mesmo do primeiro concreto, ainda na etapa de projeto, quando apenas 10% dos recursos financeiros foram investidos. Essa é a fase onde cada decisão multiplica seus efeitos — para o bem ou para o prejuízo.

O problema é que muitos gestores ainda enxergam o projeto como uma despesa, e não como um ativo estratégico. 

E é justamente esse erro de percepção que separa quem ganha previsibilidade de quem vive apagando incêndios no canteiro.

Coordenação de projetos: custo ou investimento?

Há uma diferença gritante entre “fazer projeto” e coordenar projetos. A coordenação vai muito além da entrega de arquivos ou da compatibilização geométrica. 

Ela é o que garante que todas as disciplinas conversem entre si, que o cronograma avance de forma coerente e que as decisões sejam tomadas com base em informação validada — e não em achismos.

Quando a coordenação é tratada como investimento estratégico, a lógica muda completamente. E o impacto é direto no ROI.

Projetos bem coordenados:

  • Eliminam erros antes de chegarem ao canteiro.
  • Antecipam decisões críticas, reduzindo incertezas.
  • Trazem orçamentos confiáveis, baseados em quantitativos e interferências validadas.
  • Favorecem comunicação fluida e rastreável entre projetistas, construtora e cliente.

De acordo com Lean Construction para Resultados, obras com coordenação estruturada conseguem reduzir até 20% do prazo de execução, diminuindo o tempo de capital imobilizado e aumentando a previsibilidade do retorno.

É aqui que entra o papel do BIM (Building Information Modeling) e de plataformas como a Coordly, que permitem organizar fluxos de trabalho, centralizar informações e controlar versões de forma transparente. 

Quando há um único ambiente de dados compartilhados — um CDE (Common Data Environment) — o caos informacional desaparece, e o gestor finalmente tem controle sobre o que está acontecendo.

Sem pessoas certas, processo nenhum se sustenta

Ferramentas, metodologias e softwares são fundamentais, mas não se sustentam sem pessoas preparadas. É a equipe que dá vida ao processo.

A coordenação de projetos BIM exige profissionais com visão sistêmica, capacidade de comunicação e domínio técnico. 

Gente que entenda que a modelagem não é um fim em si mesma, mas um meio para tomar decisões mais inteligentes.

Segundo Santos, empresas que combinaram práticas Lean com BIM relataram ganhos de até 25% na produtividade técnica e significativa redução de retrabalho. 

Mas o ponto crucial é outro: esses resultados só foram possíveis porque havia liderança e cultura de colaboração.

O coordenador BIM, nesse cenário, deixa de ser apenas um “gestor de modelos” e passa a ser um orquestrador de informações. 

Ele conecta disciplinas, valida entregas, identifica interferências e assegura que o fluxo de dados não se perca entre revisões e e-mails.

Sem essa figura, o projeto volta a ser fragmentado — e o ROI, imprevisível.

Do projeto ao canteiro: ROI começa no papel (digital)

Existe uma crença perigosa na construção: a de que o resultado financeiro depende apenas da execução. 

Mas o ROI começa no projeto — e mais especificamente, na forma como ele é coordenado.

Cada revisão, cada ajuste mal documentado e cada decisão tomada sem rastreabilidade geram pequenas perdas que, acumuladas, se transformam em meses de atraso.

Um estudo conduzido por empresas brasileiras de engenharia mostrou que 61% das incompatibilidades de obra poderiam ser evitadas com coordenação digital integrada. 

Esse número escancara uma realidade: o canteiro é apenas o espelho do que foi (ou não foi) resolvido antes.

No BIM, o conceito de “projeto bom” está diretamente ligado à qualidade da informação. 

E é aí que a coordenação deixa de ser um “departamento” e passa a ser uma inteligência estratégica que sustenta o ROI do negócio.

Indicadores que revelam um projeto desorganizado

Quer saber se o seu projeto está no caminho de um ROI negativo? Basta observar alguns sinais:

  • Revisões frequentes e sem registro formal.
  • Projetistas trabalhando em versões diferentes do mesmo arquivo.
  • Decisões importantes sendo tomadas fora das reuniões técnicas.
  • Falta de padronização nas entregas entre disciplinas.
  • Retrabalhos constantes em função de incompatibilidades simples.

Esses sintomas indicam que a estrutura de coordenação não está funcionando. E, quando isso acontece, o que se perde não é apenas tempo — é rentabilidade.

Projeto bom = obra fluindo = ROI saudável

Um projeto bom é aquele que flui. Que tem clareza de escopo, comunicação entre disciplinas e controle documental. 

Ele antecipa problemas, evita improvisos e mantém o canteiro em ritmo previsível.

Em contrapartida, um projeto desorganizado é o caminho mais rápido para a obra parada — aquela que trava por falta de definição, que depende de revisões emergenciais e que consome margens até evaporarem.

A equação é direta:

  • Projeto desorganizado → obra parada → prejuízo
  • Projeto coordenado → obra fluindo → retorno financeiro

Na conclusão de Lean Construction para Resultados, Luiz Gustavo de Castro Santos aponta que obras com planejamento integrado e coordenação digital alcançaram até 15% de aumento no ROI em comparação com métodos tradicionais.

Isso porque, quando a informação é confiável e o processo é rastreável, o capital investido gira mais rápido e com menos riscos.

Coordly: tecnologia que transforma coordenação em resultado

Toda essa discussão sobre ROI, coordenação e eficiência seria apenas teoria se não existissem ferramentas capazes de sustentar o processo. 

É aqui que entra a Coordly, uma plataforma que traduz em prática tudo o que o BIM promete no discurso.

Na Coordly, o coordenador tem uma visão 360° do projeto. 

É possível acompanhar entregas, revisões, responsabilidades e status em tempo real, dentro de um ambiente único de dados.

Os painéis inteligentes permitem ver o que está em atraso, o que depende de aprovação e o que já foi compatibilizado. 

E, com o controle de versões e rastreabilidade documental, o caos das pastas e dos e-mails finalmente dá lugar à clareza.

Além disso, a Coordly opera dentro da lógica do CDE (Common Data Environment), conectando todas as disciplinas em um fluxo único de trabalho. Isso garante que cada decisão tomada — seja um ajuste em estrutura ou uma revisão de instalações — seja registrada, comunicada e validada com transparência.

Na prática, isso se traduz em menos retrabalho, menos ruído de comunicação e mais previsibilidade financeira. Ou seja: ROI direto.

O ROI começa no projeto, não no canteiro

No fim, a resposta à pergunta que abre este artigo é simples: quer retorno? Invista em projeto.

O ROI da construção não nasce da concretagem — ele nasce da coordenação. 

Ele se constrói quando o projeto é tratado como um processo estratégico, quando as informações fluem com clareza e quando cada decisão é tomada com base em dados, não em suposições.

Ferramentas como o BIM e a Coordly não são apenas apoios tecnológicos, mas extensões da cultura de eficiência que toda construtora deveria cultivar.

Um projeto bem coordenado é mais do que bonito no papel: é financeiramente inteligente. 

E, na construção civil de hoje, isso faz toda a diferença entre obra parada e empreendimento lucrativo.