Engº Fabrício Balestrin

Descubra como o BIM está revolucionando o orçamento de obras públicas com base na nova Lei 14.133/2021 e no Decreto 11.888/2024.

Você sabia que a nova Lei de Licitações (Lei 14.133/2021) já prevê o uso preferencial do BIM em obras públicas?

Isso muda tudo para quem atua com projetos, orçamentos e planejamento de obras. O BIM não é apenas uma modernização técnica — ele representa uma mudança na lógica de contratação, execução e controle de obras públicas.

Neste artigo, você vai entender o que diz a lei, como o Governo Federal está incentivando a adoção do BIM, e como essa mudança impacta diretamente quem orça, planeja e executa.

O que diz a nova Lei de Licitações sobre o BIM?

A Lei nº 14.133/2021, em seu Art. 19, §3º, determina:

“Nas licitações de obras e serviços de engenharia e arquitetura, sempre que adequada ao objeto da licitação, será preferencialmente adotada a Modelagem da Informação da Construção (Building Information Modelling – BIM) ou tecnologias e processos integrados similares ou mais avançados que venham a substituí-la.”

Além disso, o Decreto nº 11.888/2024 estabeleceu a adoção progressiva e obrigatória do uso do BIM no orçamento de obras públicas no âmbito federal.

O que é BIM na prática?

Para quem nunca ouviu falar, parece digitalização de projeto, mas não é só isso. No BIM, tudo é conectado, do projeto estrutural até o orçamento. O governo enxerga nisso uma maneira de melhorar a qualidade das obras, reduzir desperdícios e dar mais clareza às contas públicas.

A primeira sensação: tudo fica mais integrado. Não existe mais a divisão entre “quem projeta” e “quem orça” num abismo de versões diferentes. Agora, o modelo BIM já nasce preparado para alimentar o orçamento. Notou algum erro no quantitativo? Corrige no modelo e pronto, toda a estimativa se atualiza.

A reforma do Tribunal de Justiça de Minas Gerais mostrou isso na prática: redução de quase R$ 3 milhões e 150 dias a menos só no planejamento da rede elétrica, graças ao BIM. O diretor responsável comentou como a confiança nos dados disparou. Ou seja, menos improviso, menos surpresa no orçamento e mais previsibilidade para licitações e contratações.

  • Modelagem 3D detalhada: faz com que áreas e volumes fiquem mais fáceis de ser quantificados; menos erro humano.
  • Orçamento vinculado ao modelo: qualquer alteração de projeto reflete direto nos dados de custos, sem digitação manual.
  • Simulações de cenários: testar alternativas antes de fechar a planilha ajuda a identificar onde cortar custos ou investir mais.
  • Histórico rastreável: todas as alterações de projeto ficam registradas, o que ajuda no acompanhamento do orçamento do início ao fim.

E para que tudo isso funcione de forma eficiente, é fundamental contar com um Ambiente Comum de Dados (CDE) — uma estrutura digital centralizada onde todos os envolvidos na obra acessam os mesmos arquivos, modelos e informações, sempre atualizados. Plataformas como a Coordly têm se destacado nesse cenário, oferecendo uma solução prática para organizar e distribuir documentos, desenhos e versões de projeto, garantindo que engenheiros, orçamentistas e gestores trabalhem sempre com os dados corretos. Ao integrar o CDE ao fluxo do BIM, evita-se retrabalho, reduz-se a perda de informação e fortalece-se a rastreabilidade em cada etapa da obra.

O impacto para profissionais e estudantes

Quem trabalha com orçamento sabe: errar no quantitativo derruba qualquer planejamento. E, se isso já era preocupante, agora, com modelos mais detalhados e exigências legais, a cobrança cresce. O BIM traz uma segurança maior, mas cobra também preparação.

Segundo o CAU/BR, criar modelos digitais detalhados reduz erros, retrabalhos e desperdícios. Mas adotar BIM exige profissionais que saibam cruzar dados, interpretar relatórios, parametrizar modelos. Não é o tipo de conhecimento que se pega vendo vídeo curto na internet — precisa prática e orientação. Aí entra a diferença de projetos como o EAPBIM, que unem didática clara e linguagem simples com a rotina real do canteiro de obras.

  • Profissionais experientes podem atualizar seus métodos para atender contratos cada vez mais exigentes.
  • Estudantes têm chance de sair da faculdade já prontos para disputar grandes licitações.
  • Quem aprende a aplicar BIM corretamente ganha destaque rápido e evita cair em promessas milagrosas de cursos rasos.

Quem domina orçamento com BIM cria oportunidades onde outros veem problemas.

Como se preparar para as novas exigências

E agora? O que muda na prática para quem está começando ou precisa se atualizar? A mudança pode parecer grande, mas pode ser feita em etapas.

  • Revisar processos atuais: Identifique onde a coleta e atualização de quantitativos dão mais trabalho.
  • Aprender o básico do BIM: Não precisa ser expert; comece entendendo os conceitos e como eles cruzam com o orçamento.
  • Praticar a conexão com a EAP: Relacione elementos do modelo digital à estrutura analítica real do seu projeto.
  • Escolher a formação certa: Opte por treinamentos que falam a sua língua e mostram problemas reais.

Transparência, controle e menos desperdício

Pode parecer exagero, mas tem muita gente apostando que a adoção maior do BIM no orçamento pode transformar a contratação pública no país. Já existem resultados, como vimos em obras importantes, mostrando ganhos diretos em tempo e custos (caso do TJMG).

O Ministério da Indústria afirma que isso aumenta a confiabilidade das estimativas, controle de prazos e transparência nos contratos (leia mais aqui). Não é pouca coisa, principalmente se olharmos para o histórico recente de licitações no Brasil.

Conclusão: é hora de agir

O BIM não é mais futuro — está no presente das obras públicas e privadas. A nova legislação apertou o passo, e quem enxergou isso está saindo na frente. Mas isso não quer dizer que basta conhecer o software ou seguir modismos. O que faz diferença é saber aplicar, interpretar, e estruturar o orçamento do jeito certo.